Brasil tem 1º banco de dados virtual nacional com amostras de animais para evitar surtos de doenças que afetam humanos

  • 15/10/2025
(Foto: Reprodução)
Brasil tem 1º banco de dados com amostras de animais para evitar surtos de doenças O Brasil lançou o primeiro banco de dados virtual nacional com amostras biológicas da fauna do país. O objetivo é evitar tanto surtos de doenças que afetam seres humanos como as que ameaçam os animais e os colocam em perigo até de extinção. O Biorrepositório Nacional da Biodiversidade, ou Bionabio, é um espaço digital que pode ser acessado por profissionais e entidades de todo o país para inserir, consultar e compartilhar informações em uma grande rede colaborativa. A iniciativa, liderada pelo pesquisador Ricardo Dias, da Universidade de São Paulo (USP), tem financiamento do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) e da Fapesp, e conta com a participação de diversas instituições, como a Fiocruz, universidades, secretarias de Saúde e unidades de vigilância de zoonoses. Segundo Dias, já existe também um diálogo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. 👉 Como funciona? É descoberto, por exemplo, um surto de gripe aviária em uma determinada região. Pesquisadores locais verificam no Bionabio se outras instituições têm amostras biológicas de aves com a doença coletadas em outras partes do país para identificar como o vírus evoluiu. Essas análises vão ajudar as autoridades a agir de forma mais rápida para conter a doença. Isso é um grande trunfo. Quando a gente pensa em amostras, a gente só consegue pensar em freezers com caixinhas e tubos dentro. A infraestrutura física é importantíssima, mas tem que ter um nível de organização informacional, senão aquelas amostras perdem muito do seu valor. Atualmente, está na fase de captação de dados sobre as amostras que estão em tubos de ensaio em diferentes localidades. A meta é chegar a mil espécies cadastradas até o final deste ano no site da Bionabio. E o potencial é imenso. Em apenas uma das oficinas técnicas para apresentar o projeto, só as entidades presentes - cerca de cem - informaram ter amostras, como sangue, tecido e pelos, de mais de 60 mil espécies em seus arquivos. “Essa troca de informações vai permitir que o poder público e entidades consigam dar uma resposta mais prontamente, saber de onde está vindo, para onde está indo, o que está acontecendo. Coisa que, atualmente, não é impossível, mas é superdifícil. Superdifícil porque não se sabe exatamente quem tem amostra do quê", explica o virologista Anderson Fernandes de Brito, coordenador científico do ITpS. Infográfico - O que é o Bionabio, banco de dados virtual com amostras biológicas da fauna brasileira Arte/g1 Evolução das doenças Macaco bugio, espécie que foi atingida por surto de febre amarela no Horto Florestal em 2017 Divulgação/ICMBio Segundo o pesquisador Ricardo Dias, que é médico veterinário, além de reunir registros históricos de ocorrências pelo país, o banco nacional também tem caráter prospectivo ao permitir estudar a evolução de patógenos, algo fundamental para a epidemiologia. Dias usa como exemplo um surto severo de febre amarela que, em 2017, afetou drasticamente a população de bugios do Horto Florestal, parque na Zona Norte de São Paulo, e causou a morte de dezenas de macacos. A descoberta de um bugio morto acendeu o alerta para a presença do vírus e levou ao fechamento temporário do parque e ao reforço de uma campanha de vacinação na região. Se tem uma amostra de 2017 guardada em uma instituição e quero estudar a evolução do vírus, posso fazer contato para propor uma parceria. Ou, se a doença aparecer em outro estado onde antes não tinha, é possível, a partir dos dados, analisar a questão geográfica e o caminho da evolução do vírus, tudo isso dá para a gente ver prospectivamente. Protocolo para coleta Tubo de ensaio Pexels/Karolina Grabowska Outro ponto crucial do projeto foi estabelecer protocolos que devem ser seguidos para fazer a coleta, o acondicionamento e o transporte das amostras. "Com muita frequência, esses protocolos não estão muito bem definidos, e as amostras são exportadas de maneiras inadequadas, a ponto de, quando chegam no laboratório para diagnóstico, já não são viáveis", explica Brito. Ou então o material chega ao laboratório apenas com a data de coleta e informações incompletas sobre a espécie, o que faz com que a amostra biológica tenha pouca relevância. Além da data, latitude e longitude do local da coleta, que tipo de material foi coletado, de que órgão do animal e método de coleta são informações estratégicas. "Ter todas essas informações, chamadas de metadados, sobre o que tem naquele tubo é tão importante quanto o próprio tubo com aquela coisa dentro. Esse fluxo completo permite ir desde o animal doente até uma conclusão do que aquele ele tem", explica. Quando o laboratório cadastrar o diagnóstico, isso chegará para toda a rede. “Então, quando há um diagnóstico, digamos, de influência aviária altamente patogênica em uma ave silvestre no Brasil, isso vai servir de um motivo de grande alerta a todos”, afirma Dias. O depósito das informações no banco de dados segue regras de custódia. Dias ressalta que o envio de material biológico é feito de forma anônima: mesmo que o órgão oficial saiba do compartilhamento, o pesquisador não vai se expor pessoalmente. "É um jeito de quebrar um paradigma da desconfiança que existe entre pesquisadores e entre laboratórios", explica. Bionabio (Biorrepositório Nacional da Diversidade) é um banco de dados virtual Reprodução Veja também: Como a floresta é capaz de gerar fonte de renda?

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/10/15/brasil-tem-1o-banco-de-dados-virtual-nacional-com-amostras-de-animais-para-evitar-surtos-de-doencas-que-afetam-humanos.ghtml


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