53% dos moradores de SP precisaram fazer atividades extras para complementar renda nos últimos 12 meses, diz pesquisa
28/08/2025
(Foto: Reprodução) Movimentação na 25 de Março, região central de SP
RENATO S. CERQUEIRA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Mais da metade dos moradores da cidade de São Paulo tiveram de recorrer a atividades extras para complementar a renda nos últimos 12 meses — 53% dos paulistanos afirmaram que precisaram realizar algum tipo de trabalho paralelo, como faxinas, serviços de manutenção, revenda de produtos ou entregas por aplicativo.
O dado faz parte da pesquisa "Viver nas Cidades: Desigualdades 2025", levantamento realizado pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), em parceria com a Ipsos-Ipec e a Fundação Grupo Volkswagen.
Apesar de muitos (41%) relatarem estabilidade na renda, 34% relataram diminuição do salário no último ano. Apenas 17% dos entrevistados afirmaram que a renda aumentou.
🔎 Foram ouvidas 3.500 pessoas com acesso à internet em dez capitais brasileiras, sendo 700 em São Paulo. Nível de confiança é de 95%, com margem de erro para o total da amostra de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Para os resultados desagregados por capital, a margem de erro pode variar de 4 a 6 pontos percentuais.
Alimentação é principal peso no orçamento
Na capital paulista, assim como no cenário nacional, a alimentação é a principal despesa que pesa no bolso das famílias, apontada por 82% dos entrevistados. Em seguida aparecem moradia (57%) e saúde (52%).
O consumo de carnes é o que mais sofre influência da situação financeira das famílias, independentemente da sua classe social.
O levantamento mostrou que 39% dos paulistanos diminuíram o consumo de carne (bovina, porco, frango, etc), enquanto 25% aumentaram o de ovos, uma proteína mais barata.
Pobreza em alta
Outro dado em destaque na pesquisa é a percepção sobre a pobreza:
Sete em cada dez paulistanos (71%) disseram que perceberam aumento no número de pessoas em situação de fome e pobreza na cidade, o índice mais alto entre todas as capitais pesquisadas.
Panorama nacional
No recorte geral das dez capitais:
56% precisaram de atividades extras para complementar a renda;
57% afirmaram que a renda aumentou ou ficou estável no último ano;
Manaus, Belém e Fortaleza são as capitais com maior proporção de pessoas que recorreram a trabalhos paralelos;
Alimentação é o item que mais pesa no orçamento em todo o país (84%), seguido de saúde (57%) e moradia (55%).
Segundo Jorge Abrahão, coordenador-geral do Instituto Cidades Sustentáveis, os dados revelam uma contradição vivida nas capitais brasileiras:
“Embora uma parte significativa da população relate que a renda aumentou ou ficou estável no último ano, muita gente avalia que a fome e a pobreza cresceram na cidade em que vive. Esses resultados mostram que ainda temos um longo caminho para reduzir as desigualdades nas maiores cidades do país”, apontou o pesquisador.
A pesquisa foi divulgada nesta quinta-feira (28) como parte da Semana de Combate às Desigualdades, em Brasília, e servirá de base para o Observatório Nacional das Desigualdades, que reúne 42 indicadores em nove áreas.